segunda-feira, 30 de março de 2015

Brasil fica na 20ª posição em ranking internacional de perda de água

Quando o assunto é perda de água tratada, o Brasil ocupa a 20ª posição em um ranking com 43 países. O levantamento foi feito pelo IBNET (International Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities), com dados de 2011. De acordo com o estudo, o Brasil perde 39% de sua água tratada. As perdas antes que a água chegue ao consumidor final incluem casos como vazamentos e ligações clandestinas.
Perda de água por país (Foto: Editoria de Arte/G1)
Na lista, o Brasil fica atrás de países como Vietnã (que perde 31%), México (24%), Rússia (23%) e China (22%). O que mais perde água tratada na lista é Fiji, um país insular da Oceania que desperdiça 83% da água que trata. Já entre os com menor índice de perda estão Estados Unidos (13%) e Austrália (7%).

O dado do IBNET em relação ao Brasil em 2011 é semelhante ao verificado no mesmo ano pelo Sistema Nacional de Informaçõessobre Saneamento (SNIS), ligado ao Ministério das Cidades. Segundo o órgão, o índice de perda em 2011 era de 38,8%.

O dado mais atualizado do SNIS sobre as perdas de água tratada no Brasil é de 2013. Naquele ano, 37% da água tratada no país foi perdida.

O número representa 5,8 trilhões de litros de água. Isso seria suficiente para abastecer a cidade de São Paulo por sete anos e meio. O cálculo foi feito pelo G1 levando em conta apenas a água utilizada para consumo humando, considerando que, em 2013, a média de consumo no estado era de 188 litros diários por habitante, segundo o SNIS. Já o Instituto Trata Brasil estima em 39,1% do total produzido a perda de água tratada.

A quantidade de água desperdiçada inclui perdas com vazamentos em adutoras, redes, ramais, conexões, reservatórios e outras unidades operacionais do sistema. Esses vazamentos são verificados principalmente em tubulações da rede de distribuição, provocados especialmente pelo excesso de pressão em regiões comgrande variação de relevo.

Também estão inclusas nos 37% as perdas chamadas pelo SNIS de “não físicas”, que é a água que foi efetivamente utilizada porém não foi medida e deixou de gerar faturamento às empresas prestadoras do serviço. Isso compreende situações como erros de medição (hidrômetros inoperantes, com submedição, erros de leitura, fraudes), ligações clandestinas, “gatos” e falhas no cadastro comercial.
Os estados do Sudeste e do Centro-Oeste estão abaixo da média nacional de perda de água tratada, com índice de 33,4%. A região que tem esse tipo de desperdício mais acentuado é a Norte (50,8%), seguida por Nordeste (45%) e Sul (35,1%). Entre as capitais, a variação no índice de perdas é ampla, com a menor em Goiânia, com 21,3%, e a maior em Macapá, 73,6%.
Selo perda de água (Foto: G1)
Os ‘ralos’ das perdas no Brasil
Segundo Rogério Aparecido Machado, professor de Química e Gestão Ambiental da Universidade Presbiteriana Mackenzie, os vazamentos e as ligações clandestinas de água realmente são responsáveis por uma grande parte da perda de água tratada. Porém o especialista também atenta para a água tratada que é lançada em rios poluídos.

A gente perde muita água não só por vazamento, como também nessas ligações clandestinas as quais não têm controle algum. Mas há outra coisa: nós perdemos muita água porque tratamos nas estações de tratamento de esgoto e a maioria delas não retornam a água para os mananciais”, aponta Machado.
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Índice de perdas desde 2009
Veja os valores em % por ano
41,638,838,836,937índice de perda em %2010201236373839404142
Fonte: SNIS
“A água vai acabar parando em rios poluídos. Se desperdiça esse tratamento pois se devolve para o rio sujo na maioria das vezes.” Em São Paulo, o professor cita como exemplo a água tratada que é lançada no Ribeirão dos Meninos, em São Caetano do Sul. “Vai para o Tamanduateí e Tietê”, descreve.
Machado reconhece que lançar água tratada em locais poluídos como o Tietê e o Pinheiros, em São Paulo, ajudam a não agravar a situação desses rios. Porém, ele afirma que a ação, além de desperdiçar a água tratada, não é suficiente para a limpeza dessas águas contaminadas. “Você diminui a quantidade de poluição desses rios, não tenha dúvida. Só que seria muito mais inteligente retornar essa água a um rio que vá cair para uma represa.”
Para Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, lançar esgoto em áreas de mananciais é uma medida “perversa”. “É o caso da Billings, em São Paulo, por exemplo. Isso é um desperdício muito maior do que o que se perde nos canos, ou o que a gente perde em casa lavando chão. Lançar esgoto sem tratamento em qualquer corpo d’água é crime. Mas, no Brasil, tem lei que pega e lei que não pega”, afirma ela.

G1

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