
Beira-Mar acumula agora penas que somam quase 320 anos de prisão – condenações anteriores de quase 200 anos de prisão, mais os 120 anos da sentença desta madrugada.
Após mais de 10 horas de julgamento, a sentença foi lida na madrugada desta quinta pelo juiz Fábio Uchoa. O traficante foi condenado por quatro homicídios duplamente qualificados, por motivo torpe e sem dar chance de defesa às vítimas, que são os detentos Ernaldo Pinto Medeiros (Uê), Carlos Alberto da Costa (Robertinho do Adeus), Wanderlei Soares (Orelha) e Elpídio Rodrigues Sabino (Pidi). Para cada crime pegou 30 anos de cadeia.
Ao ser interrogado, Beira-Mar declarou inocência. “Eu cometi vários crimes. Nesse, eu sou inocente”, afirmou.
Segundo a acusação, Beira-Mar teria conseguido abrir caminho dentro do presídio para invadir a ala. O réu negou e disse que ouviu a confusão de longe e foi chamado depois pelos agentes penitenciários para "negociar" a paz dentro da cadeia, por ser considerado "tranquilo".
Ainda segundo o réu, ele ficava na ala A, junto com uma facção que também era distribuída pela ala C, de onde teria partido o ataque executado por 20 criminosos. Os quatro mortos, incluindo o traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, eram da segunda quadrilha, situada na ala D.
"O problema era entre as galerias C e D. Ouvimos tiros e pensamos que era fuga. Sabíamos que tinham tomado a cadeia. Nisso, todos correram. Só entrei na galeria depois do fato. Os inspetores chegaram a me pedir ajuda porque sabiam que eu era um cara tranquilo. Nem cheguei a entrar e o Celsinho [da Vila Vintém] já estava saindo [da galeria]", contou.
Acusação X defesa
A ausência de provas que comprovassem ser Beira-Mar o mandante da rebelião e dos assassinatos permeou todo o debate. O promotor Braúlio Gregório e a assistente de acusação Fabíola Lima se esforçaram para convencer os jurados de que o fato de o traficante ter sido o mediador que deu fim ao motim era o indício que o incriminava.
A ausência de provas que comprovassem ser Beira-Mar o mandante da rebelião e dos assassinatos permeou todo o debate. O promotor Braúlio Gregório e a assistente de acusação Fabíola Lima se esforçaram para convencer os jurados de que o fato de o traficante ter sido o mediador que deu fim ao motim era o indício que o incriminava.
Fabíola Lima chegou a dizer aos jurados que “seria surpreendente que aqui tivesse uma testemunha que depusesse contra ele. Isso seria suicídio”, enfatizou ela, destacando o perfil violento do traficante.
A defesa buscou desqualificar a acusação e chegou a debochar da atuação dos promotores. O advogado advertiu os jurados de que o Ministério Público se valia da “imagem construída pela mídia” sobre Beira-Mar. O defensor chegou a repetir que seu cliente é traficante assumido, mas que não teve participação no episódio ocorrido em Bangu.
A defesa buscou desqualificar a acusação e chegou a debochar da atuação dos promotores. O advogado advertiu os jurados de que o Ministério Público se valia da “imagem construída pela mídia” sobre Beira-Mar. O defensor chegou a repetir que seu cliente é traficante assumido, mas que não teve participação no episódio ocorrido em Bangu.
“Este homem não vai sair daqui e ir pra casa não. Ele vai voltar para a prisão e ficar lá mais 30 anos. Mas vocês vão condená-lo a mais 120 anos de prisão só porque ele é o Fernandinho Beira-Mar?”, indagou o advogado aos jurados.
Testemunha é ex-rival
Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho, foi interrogado como testemunha de defesa, antes de o réu ser chamado. O traficante pertencia à facção de Uê, rival de Beira-Mar assassinado no ataque, e foi a única testemunha no júri.
Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho, foi interrogado como testemunha de defesa, antes de o réu ser chamado. O traficante pertencia à facção de Uê, rival de Beira-Mar assassinado no ataque, e foi a única testemunha no júri.
Ao ser inquirido, Celsinho disse que tentou se proteger do ataque dos presos e que Beira-Mar não estava junto. Quando foi encontrado, ouviu de traficantes rivais que não seria assassinado.
“Vim aqui, como testemunha dele, para pagar a dívida, por terem me deixado vivo”, afirmou, sob olhar e sinais de concordância de Beira-Mar.
Celsinho ironizou a qualidade da penitenciária durante uma das perguntas, em que Bangu 1 foi citado como "presídio de segurança máxima". "Segurança máxima é brincadeira, né?”, debochou, provocando risos.
G1
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