quarta-feira, 15 de abril de 2015

Advogados e defensor divergem sobre caráter de Manoel Mattos em júri


Julgamento dos acusados de matar advogado Manoel Mattos acontece no Recife. (Foto: Luna Markman / G1)Na sequência da fase de debates do júri sobre a execução do advogado Manoel Mattos, que acontece nesta quarta-feira (15), no Recife, o defensor público Flávio Sevieru, responsável pela defesa do réu Sérgio Paulo da Silva, utilizou seu tempo de debate para adotar uma linha diferente dos advogados de defesa dos outros quatro réus. Ele exaltou a figura de Mattos em defesa dos direitos humanos e afirmou que há, sim, grupos de extermínio na região de Itambé, em Pernambuco, e Pedras de Fogo, na Paraíba. Sevieru afirmou que o assassinato tem todas as características de ter sido cometido por grupo de extermínio, mas frisou que seu cliente é inocente e, diferentemente dos demais acusados, não tem perfil de integrante desse tipo de quadrilha. Sérgio Paulo da Silva é apontado como um dos executores da vítima.
O advogado Manoel Mattos integrava a Comissão de Direitos Humanos da OAB-PE e atuava, principalmente, contra grupos de extermínio quando foi morto a tiros em uma casa de praia na Paraíba, em 2009. O julgamento do homicídio foi federalizado sob o fundamento de existência de grave violação a direitos humanos – é o primeiro caso do tipo no Brasil. Isso se deu em outubro de 2010, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu o caso como sendo um procedimento de Incidente de Deslocamento de Competência (IDC), dispositivo conhecido como federalização.
A sessão é realizada no auditório da Justiça Federal de Pernambuco, no bairro do Jiquiá. O júri continua com a réplica do Ministério Público Federal e a tréplica dos advogados de defesa, com duas horas cada, para depois os sete jurados se reunirem e decidirem o destino dos réus. Quem preside a sessão é a juíza Carolina Malta, titular da 36ª vara federal.
Conivência da PM
"Existe sim grupo de extermínio naquela região, negar isso é como negar que chova. Sou obrigado também a discordar dos outros advogados e afirmar que a vítima era um grande homem, um homem de muita coragem", declarou, acrescentando que, via de regra, um grupo de extermínio é formado por policiais ou agentes de segurança pública que "acreditam que, ao descartar quem eles consideram a escória, estão fazendo um bem para a sociedade". Sevieru citou testemunhas para dizer que a polícia não agiu imediatamente após a morte de Manoel Mattos. "Vocês percebem essa conivência?", indagou ao júri.
O defensor público Flávio Sevieru disse não ter dúvidas da inocência de Sérgio. "Pegaram um pobre, condenado por roubo, e colocaram ele na história. A partir daí não tem mais nada contra ele", enfatizou.
G1

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